Maria Inês Amaral, um espírito livre que decidiu, desde cedo, explorar o mundo, decidiu arragaçar as mangas em tempos de pandemia. Enquanto uns fechavam portas, esta profissional decidiu seguir em frente e realizaqr um sonho que à muito perseguia. Criou a Associação de Turismo Portuguesa para o Médio Oriente para promover o que de melhor Portugal tem para oferecer aos exigentes turistas dos Emirados Árabes Unidos e do Golfo Pérsico.
Viajar – Primeiro que tudo gostaria que a Maria Inês falasse um pouco de si e como tem sido o seu percurso no turismo.
Maria Inês Amaral – Sempre tive um espírito de nómada e vivi grande parte da minha vida adulta um pouco por todo o Mundo. Trabalhei 10 anos na Alemanha numa companhia aérea, três anos nas Ilhas maurícias num operador turístico e desde há oito anos que estou no Dubai. A minha intenção sempre foi seguir Marketing e publicidade, mas acabei por começar a minha vida Professional no sector do turismo e acabei por descobrir a minha vocação.
Após quase 28 anos a trabalhar nos mais diversos ramos do sector do turismo e apos ter representado o turismo alemão na região do Golfo Pérsico, achei que era altura de me tornar independente e criar o meu negócio.
Hoje tenho três empresas com sede no Dubai.
V – Fundou a Aurora Agency e, mais recentemente, a The Concierge Hub. Fale um pouco do que trata cada uma destas empresas.
MIA – A Aurora Agency foi a primeira das três empresas que criei há cerca de três anos. No fundo é uma agência de marketing direcionada para a promoção de destinos e hotéis no Medio Oriente. Temos clientes de vários Países europeus e África.
A The concierge Hub surgiu durante a pandemia e foi a última das empresas que criei, esta atua no campo dos investimentos no sector imobiliário em Portugal, vistos gold e serviços concierge. A razão da criação da The concierge Hub surgiu na oportunidade de negócio neste setor, como percebi que era a única empresa 100% portuguesa a trabalhar neste ramo no Dubai. Como as duas outras empresas estão direcionadas para o turismo que sofreu bastante com a pandemia, achei que deveria diversificar o ramo dos meus negócios.
V – Como nasce a Associação de Turismo Portuguesa para o Médio Oriente?
MIA – Sempre foi um sonho meu promover Portugal no Medio Oriente. Quando cheguei ao Dubai há oito anos atrás dei-me conta que Portugal era promovido não como um destino em si, mas como uma extensão a umas férias em Espanha e as ligações aéreas não eram muito frequentes. No entanto nos últimos três a quatro anos este cenário mudou bastante quando as maiores companhias aéreas locais aumentaram a frequência dos voos diretos para Portugal, incluindo a Emirates Airlines e a Qatar Airways, criando assim um interesse crescente no destino Portugal. No entanto, o setor do turismo desta região tem pouco conhecimento sobre Portugal e de como vender o destino. Sem nenhum suporte local e com a sem os contatos necessários para parcerias com o setor do turismo em Portugal, o destino não estava a ser vendido em toda a sua potencialidade.
V – Por que decidiu avançar com este projeto? Tem parceiros associados?
MIA – Quando a pandemia começou e ao contrário de a maioria das empresas eu decidi crescer e arriscar. Talvez porque em primeiro lugar percebi que tinha tempo para pensar nestes projetos com calma e criar o modelo de negócio.
Acho que estava num período bastante criativo em que acordava a meio da noite para me sentar à secretária do meu “Home office” e trabalhar no conceito. A Associação começou a dar os primeiros passos em setembro e com a ajuda dos nossos embaixadores em Portugal fomos fechando contratos com diversos parceiros/sócios em Portugal. O projeto foi igualmente muito bem aceite nesta região e já demos vários webinars de vendas as maiores agências no Dubai e Arábia Saudita.
A associação é uma empresa 100% privada.
V – Com quantos associados já conta?
MIA – Hoje, e em apenas em nove meses, contamos já com seis associados e o objetivo e chegarmos aos 10 associados até a empresa completar um ano de existência.
V – A sede da associação é no Dubai, mas o seu campo de ação é mais vasto?
MIA – A sede é no Dubai, mas operamos por todo o Golfo Pérsico onde temos a nossa rede de contatos, nomeadamente Arábia Saudita, Kuwait, Qatar e Omã.
V – O objetivo é criar negócio para os vossos associados portugueses?
MIA – Exatamente, o nosso principal objetivo e criar oportunidades de negócio para os nossos associados, fazendo a ponte entre o setor de turismo desta região e os nossos associados em Portugal.
V – Considera que a associação que criou poderá levar os seus associados a realizarem negócios e chegarem a mercados que de outra forma seria quase impossível?
MIA – Eu estou segura de que sim, aliás alguns dos nossos associados já fecharam parcerias localmente. Estes mercados do Medio Oriente são ainda muito desconhecidos em Portugal, apesar da potencialidade que oferecem. É extramente difícil entrar nestes mercados sem ter uma presença permanente localmente. Nós conhecemos a cultura local e temos um network vastíssimo no setor por todo o golfo pérsico, podendo assim melhor aconselhar os nossos parceiros tanto no Medio oriente como em Portugal.
V – Estamos a falar de clientes de um segmento mais elevado. É exigível, por isso, que os associados sejam capazes de atingir elevados padrões de qualidade nos serviços e produtos que têm para oferecer?
MIA – Portugal tem uma qualidade de serviços e produtos na minha opinião muito acima da média europeia, além de que oferece preços muito mais competitivos para essa qualidade.
Por essa razão e por conhecer as exigências dos turistas destas regiões não tenho a menor das dúvidas que Portugal tem todas as condições para receber e surpreender estes clientes pela excelência de qualidade e acima de tudo pela nossa hospitalidade.
V – Como vê o futuro do turismo em Portugal de uma forma geral e, mais particularmente, na receção de turistas oriundos dos Emirados Árabes Unidos e do Golfo Pérsico?
MIA – Julgo que Portugal deveria olhar para mercados que ainda são considerados secundários, como é o caso do Medio oriente. Os clientes desta parte do Mundo viajam até cinco vezes mais do que a média mundial, o que poderia resolver o problema da sazonalidade, para além de que os mercados de outbound dos Emirados Árabes Unidos estão previstos ter um crescimento de 24 mil milhões de USD até 2030.
Os clientes do Golfo Pérsico não são apenas árabes, mas toda uma população de expatriados que reside nesta região e com ordenados muito acima da média mundial. Sendo assim a oferta que Portugal tem adequa-se a toda esta diversidade de clientes.